O ano era 2017. Uma câmera amadora, um binóculo colado na lente, uma bicicleta em movimento e o desejo incontrolável de capturar o invisível. Nalesso (@marconalesso_) um músico já reverenciado no subterrâneo — alquimista de timbres, herdeiro do espírito livre das ruas. Dandy (@dandypoeta), um poeta com a rara habilidade de ver beleza onde o mundo só via entulho. Juntos, lançaram Mar, e dele nasceu Salvador, primeira imagem em movimento do canal da JODO.
O clipe foi filmado enquanto 82 equilibrava o enquadramento na garupa de Edgar Pereira, num ritual que parecia mais performance que produção. O objeto mágico — um binóculo emprestado por Luciano Valério — distorcia a luz, criando visões que mais tarde guiariam a montagem. Não era só um clipe. Era um arcano.
Daquela semente vieram 102 discos produzidos por Nalesso & Dandy em apenas dois anos — todos independentes, todos autorais, todos entregues como cartas a um mundo que já não escreve de volta. Esses discos não buscavam palco, buscavam permanência. E serviram de espelho para o que viria.
Inspirada por esse gesto quase suicida de criação contínua, a JODO ergueu um relicário de imagens: mais de 130 vídeos de artistas independentes ao longo de oito anos. Cada obra um fragmento. Cada fragmento um símbolo.
Como em Jodorowsky, onde o cinema é rito, nossos vídeos também carregam códigos, mapas, sincronicidades. E embora muitos daqueles primeiros amigos hoje caminhem por estradas paralelas — às vezes tão distantes que parecem opostas — suas obras permanecem aqui, suspensas no tempo, orbitando como satélites de um sonho comum.
“Salvador” não foi só o começo. Foi o portal.
Artista: Nalesso Dandy
Faixa: Salva Dor
Álbum: MAR
Vídeo: Lucas Negrelli
JODO x Coletivo Marte
Agradecimentos especiais a Luciano Valério e Edgar Pereira.